terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Fumo


Na calma
irritação
quotidiana

O poeta fabricou
o seu
poema

Com os dedos
da bolsa
das palavras

Tirou algumas
poucas
que estão caras

Enrolou
lentamente
cuidadoso

Em papel
ordinário
de rascunho

Molhou-o
com a língua
e apertou

Como vira
fazer
ao seu avô

Acendeu
e puxou
umas fumaças

Engasgou-se
e fartou-se
de tossir

Um amigo que via
disse
então

Vê lá se apanhas
cancro
no pulmão

Mas visto que
não pode
publicá-lo

Que há-de o poeta fazer
senão
fumá-lo?

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