Fumo
Na calma
irritação
quotidiana
O poeta fabricou
o seu
poema
Com os dedos
da bolsa
das palavras
Tirou algumas
poucas
que estão caras
Enrolou
lentamente
cuidadoso
Em papel
ordinário
de rascunho
Molhou-o
com a língua
e apertou
Como vira
fazer
ao seu avô
Acendeu
e puxou
umas fumaças
Engasgou-se
e fartou-se
de tossir
Um amigo que via
disse
então
Vê lá se apanhas
cancro
no pulmão
Mas visto que
não pode
publicá-lo
Que há-de o poeta fazer
senão
fumá-lo?
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