segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Prosa para embrulhar castanhas"

Há já muitos anos, José Carlos de Vasconcelos publicou uma crónica com o título acima, que comentava o facto de ter encontrado uma página de jornal com um texto seu a embrulhar uma dúzia de castanhas assadas que tinha comprado.
Lembrei-me disto porque participei recentemente num concurso para microcontos até 350 caracteres, cujos 20 melhores seriam publicados em pacotes de açúcar.
Os que enviei não estiveram entre esses 20 (oh, well...), mas como já estão libertos do "segredo de justiça" (o resultado saiu hoje), resolvi arejá-los aqui. E aqui ficam, sem mais preliminares.




O DESTINO

Era uma bala pacifista. Por mais de uma vez tinha tentado converter as colegas de carregador às suas ideias, mas sem êxito. E quando foi utilizada por um dos soldados do pelotão de fuzilamento, voou directa ao coração do condenado.
O destino controla as vidas e mortes de todos… mesmo de balas pacifistas.




A VIDA DOS FAMOSOS

Uma caneta de marca encontrou-se com um relógio seu conhecido numa festa onde estava a nata dos relógios e canetas.
“Aos anos que não te via! O que tens feito?”, perguntou o relógio.
“Dedico-me à Escrita, e tu?”
“Olha, vou passando o Tempo…”




O ENCONTRO

(Peça minimalista em 1 acto)

Palco despido de adereços. Luz branca, forte. Os actores entram um de cada lado do palco.
Ele: Mariana!!!
Ela: Joaquim!!!
Caminham um para o outro. A luz diminui lentamente enquanto cai o pano.