domingo, 23 de janeiro de 2011

O mercado rafeiro

Fiquei de boca aberta quando encontrei o Joaquim com um mercado pela trela. Um bocado rafeiro, mas na mesma um mercado...
"Como arranjaste esse?"
"Naquela rua junto à Bolsa, topas, dei com ele a vaguear. Acenei-lhe com um juro de 7 e meio por cento e ele veio logo a correr. Eu já tinha uma coleira preparada, e foi rápido. Mas só ando com ele na rua açaimado..."
"E o que lhe dás a comer?"
"Olha, quando o apanhei estava gordo, devia ter andado a comer dívida grega a 12 e meio por cento. Agora dou-lhe juros a 1 ou 2 por cento. Rosna um bocado mas vai comendo..."
"Isto está perigoso", disse eu. "Um tipo arrisca-se a andar na rua e saltar-lhe um mercado vadio às canelas da dívida."
"Este não me dá grandes problemas. Se ladra ou se rosna demais leva um puxão na trela e acalma logo. Tenho é que andar sempre preparado...", e tirou do bolso um saco de plástico enrolado que me mostrou. "É que esta raça em qualquer lado faz merda!"