Os Colunáveis
(para lembrar Eça de Queirós)Abra-se qualquer revista dita “social” e lá estão eles, nas páginas centrais (um verdadeiro zoo!), exibindo-se à admiração pacóvia dos leitores.
Ele são festas de aniversário, ele são inaugurações, ele são casamentos ou baptizados, qualquer pretexto é bom para arreganhar os dentes na direcção do fotógrafo (algumas só com meia boca, não vá a plástica desfazer-se!)…
E os nomes, senhores, que parecem saídos de um infantário: Lili, Mané, Jójó, Zézé, Kiki… Como é possível levar a sério criaturas que se identificam com tais alcunhas?
Vou dizer-vos como eu gostaria de ver as referidas páginas.
Aquela foto com dois senhores de copo na mão, rindo à gargalhada, levaria a seguinte legenda:
“O Comendador Sicrano conta ao Dr. Beltrano como o uso de imigrantes ilegais no seu último empreendimento imobiliário fez aumentar substancialmente a sua conta bancária (domiciliada na Suiça).”
E aqueloutra com três senhoras sorridentes, duas jovens e uma já entradota:
“Dona Fulana, na secretaria do colégio onde os seus meninos estudam, antes de receber o subsídio a que tem direito, em virtude dos diminutos rendimentos constantes da sua declaração de IRS. Enquanto espera, descreve às amigas as férias que passou na nêve e queixa-se do horror que é parquear o Terrano.”
Uma corja, senhores! Portugal está doente!
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