domingo, 15 de janeiro de 2006

Diferente

A palavra “diferente” era muito vaidosa... Só por ser diferente! Estava sempre a dizer mal das palavras “igual”, “semelhante”, “parecida”, “idêntica” e outras que tais, só porque não eram diferentes. Já nenhuma palavra a podia aturar!
Ora no país das palavras resolveram organizar um concurso de beleza. E “diferente” foi das primeiras palavras a inscrever-se. No seu íntimo, sentia que já tinha ganho o concurso. Pois se ela era diferente de todas as outras, o júri não podia deixar de ter isso como o critério mais importante na selecção. E o nervosismo foi crescendo à medida que a data do concurso ia ficando próxima.
E “diferente” resolveu acentuar as suas diferenças, para aumentar a vantagem sobre as competidoras. E foi-se tornando cada vez mais diferente. E quando chegou o concurso, foi eliminada logo na primeira volta, pois de tão diferente que estava, já não se percebia o que significava. E o primeiro prémio foi atribuído à palavra “simples”, que na sua simplicidade nunca imaginara pudesse alguma vez vir a ganhar.
“Diferente” chorou lágrimas amargas. Mas curiosamente, as suas lágrimas não eram diferentes; eram iguaizinhas às lágrimas das outras candidatas excluídas.

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