quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Conclave de Palavras

— Uma estória é uma fila de palavras – sentenciou a LITERATA.
— Mas é importante quem vai à frente ou atrás – precisou a ORDENADORA.
— O regulamento estabelece um limite máximo de 200 palavras – debitou a JURISTA.
— Eu gosto muito de estórias, e uma vez era para entrar numa, mas depois o autor... –começou a PALAVROSA.
— Shiu, tá calada! – interrompeu-a a AUTORITÁRIA.
— Vamos ajudar o autor? – propôs a VOLUNTÁRIA.
— E o que ganhamos com isso? – perguntou a EGOÍSTA.
— Aparecemos impressas, em Times New Roman, ou talvez em Arial... – respondeu a VAIDOSA.
— Eu não faço favores a ninguém! – avançou a CASMURRA.
— Só participa quem quiser... – disse a CONTEMPORIZADORA.
— Podemos votar... – propôs a DEMOCRATA.
— Boa, boa! – disse a ENTUSIASTA.
A votação, alargada a todas as palavras do dicionário do Word, processou-se com velocidade electrónica.
— Resultado da votação: 5000 a favor, 5000 contra! – anunciou a ESCRUTINADORA.
Ouviram-se insultos ao sistema operativo Windows, acusações de corrupção ao programa Excel, que tinha apurado os resultados, enfim, uma balbúrdia!
O autor acordou! Levantou a cabeça do teclado, olhou o monitor sem perceber nada, mas gravou o ficheiro, para enviar na manhã seguinte para o concurso literário.

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